Cinema e história: aprendizado por trás das câmeras
O uso de filmes em sala de aula resulta em um aprendizado contínuo para professores e alunos. Ambos vão refinando a sua “competência para ver”, o que significa sempre novos ângulos de leitura.
Cinema e História: desde que bem trabalhada pelo professor, essa é uma parceria destinada a dar ótimos frutos. Contudo, para tal, é preciso que tenhamos alguns cuidados antes e durante a sua realização.
Em primeiro lugar, é importante ter em mente que o filme que vamos mostrar aos nossos alunos deve ter um uso didático e não um caráter de entretenimento. Além disso, devemos escolher com muito cuidado as obras a que os alunos vão assistir, pois, do mesmo modo que a seleção inadequada de livros pode impedir a formação de um leitor sistemático e apaixonado, a escolha incorreta de filmes pode criar indivíduos refratários a novas experiências cinematográficas.
Para que possamos extrair o máximo de rendimento da atividade envolvendo filmes devemos, antes, preparar os alunos para ela. Um caminho é iniciar uma conversa com eles sobre a forma com que escolhem os seus filmes – gêneros, atores, acesso –, objetivando levá-los a refletir sobre as suas escolhas.
Como o cinema produz, de forma ainda mais acentuada, a “ilusão de realidade”, vamos ter que “desconstruir” essa ilusão, trazendo à luz os aspectos técnicos que são próprios da linguagem cinematográfica.
Para ilustrá-la, você pode usar como exemplo as edições que acompanham os reality shows, como o Big Brother, que todos provavelmente conhecem. Chame a atenção dos alunos para câmeras, iluminação, som e a edição (cortes e montagens que são feitos). Discuta o papel desempenhado por esses elementos e a intenção que justifica a sua escolha.
Depois, passe um trecho de um filme qualquer com som, retire o som, coloque outra trilha sonora, modifique a cor das imagens (preto e branco, com cores mais frias ou mais quentes). Mostre diferentes efeitos e sensações que podem ser transmitidas mudando-se simplesmente o ângulo de filmagem (uma pessoa filmada de baixo para cima, por exemplo, dá a sensação de grandeza, diferentemente de se ela for filmada de cima para baixo). Tudo isso pode ser experimentado com a ajuda de um aparelho de celular com filmadora e um computador com um programa de edição. Seus alunos, provavelmente, ajudarão muito nessas operações.
Iniciados na linguagem cinematográfica, os alunos agora precisam do conhecimento sobre o filme que vão ver. Converse com eles sobre os dados de produção, que, em geral, constam da ficha técnica que o acompanha. Fale sobre o diretor, a época, o objetivo a ser alcançado com o filme. Apresente o assunto que será abordado, o perfil das personagens, e destaque o que mais interessa que eles observem. A escolha entre passar todo o filme ou apenas trechos vai depender do seu objetivo e do tempo disponível para a atividade.
Quase todo filme pode ser objeto de análise histórica. O limite para o seu emprego é a capacidade do professor de estabelecer as inter-relações. Eles são documentos da época em que foram feitos e contribuem para o entendimento das épocas ou situações que retratam. Seja ficção, seja documentário, são produções autorais, representações da realidade.
Isso posto, apague as luzes e, com seus alunos, deixe-se levar pela magia do cinema.
Luzes acesas, incentive o debate sobre o que foi visto e sentido, confrontando as diferentes leituras.
Orlando Bloom e Diane Kruger em cena do filme “Tróia”, de Wolfgang Petersen, 2004. Créditos: divulgação. |
The Internet Movie Database (IMDB) – Maior banco de dados da Internet sobre cinema (em inglês).
Curta na escola – Site que disponibiliza on-line grande quantidade de filmes de curta-metragem com sugestões de como trabalhá-los em sala de aula.