Caldeirão
As primeiras décadas da República brasileira foram marcadas por diversos movimentos sociais de contestação da ordem e de questionamento das desigualdades sociais. O massacre de Canudos e a Revolta da Vacina são exemplos comuns e frequentes em materiais didáticos e nas aulas de História. Outros movimentos também são estudados, porém o tema das lutas e movimentos sociais fica um pouco em segundo plano a partir do golpe que levou Getúlio Vargas ao poder em 1930. Por isso, é interessante recuperar o tema do massacre da comunidade do Caldeirão, liderada pelo beato José Lourenço nas terras do Crato, Ceará.
A comunidade, que se estabeleceu em meados da década de 1920, era formada por camponeses que trabalhavam coletivamente e viviam segundo uma concepção própria do cristianismo. Nas terras do Caldeirão, a produção era dividida entre todos e havia uma grande preocupação com a construção de uma comunidade igualitária e capaz de receber os desvalidos sociais. O beato José Lourenço teve a proteção e o apoio do padre Cícero, o que possibilitou o desenvolvimento e o crescimento da comunidade. Contudo, após a morte de padre Cícero, o governo, o clero e os grandes proprietários de terra passaram a se organizar para destruir a comunidade de José Lourenço. Em 1937, o Estado enviou tropas que massacraram os habitantes da região e José Lourenço foi obrigado a fugir para Pernambuco, onde morreu de peste bubônica.
Para trabalhar esse tema, existem dois recursos bastante interessantes. O primeiro é o artigo de Fátima Teles, que apresenta informações detalhadas sobre a história e o contexto de formação da comunidade do Caldeirão. O texto está disponível em:http://www.vermelho.org.br/noticia/248228-11….
Outra opção é o documentário “O Caldeirão da Santa Cruz do Deserto”, dirigido por Rosemberg Cariry. O filme traz o depoimento dos remanescentes da comunidade e discute temas relacionados com a luta pela terra e a resistência ao poder no período. O filme está disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=D5ypWasqXo0.